quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Eita, coração danado!

E lá vai o coração, dilacerando cada vez mais,
A cada passo, a cada aventura sem garantias
Como sofre esse bobo coração quando não tem certezas
Pergunto-me até quando ele vai querer ter controle sobre o fluxo da vida
Pensei que já estava curado desse ledo engano
Parece que ainda sofre desse mal
Mas sinto, ao mesmo tempo, que os aprendizados se firmaram
Algo novo desponta e dá a dor da vez um outro tom
Ainda dói, ainda dilacera, ainda faz chorar
Mas dessa vez sei que me curo
Sinto a dor com uma serenidade incomum
O desespero não me ataca mais

Porque fui entregar meu coração?
Ele é igual criança ingênua, que vai sem medo quando alguém lhe sorri
Fato é que entreguei, e agora esqueci como se pega de volta
Fica ele lá, amarrado, sem liberdade de falar quando quer
Sem chance de se expressar se não for no escuro
Precisando esperar pelos momentos esparsos
Ah, coração, ta vendo só?
Foi por isso que prometi pra mim que não faria mais, nunca mais
As regras servem pra te proteger, coração
Você não entende e quebrou o pacto mais uma vez
Esqueceu o seu escafandro, coração

Vai ver que ele tem medo de amar demais e de ser totalmente amado
Se houver espaço para o amor em toda sua plenitude, em toda a sua liberdade,
com toda a disponibilidade de outro coração, será que ele agüenta?
Vai ver que pensa que não agüenta
Vai ver que morre de medo
Vai ver que não acredita no seu potencial
Vai ver que não se percebe digno de amor total

Ah, coração, deixa de ser tolo
Você merece tanto
E finalmente agora eu sei disso
Eu quero que você voe alto
Não precisa mais puxar os freios
Deixa o amor verdadeiro e pleno chegar
Com todos os direitos garantidos

Para de se esconder, coração
Dói demais quando você foge do meu peito
Vai-se embora e deixa esse buraco
Me trai e fica nas mãos de outro alguém
Sei lá
Preciso de você aqui comigo, coração
Dando-me em primeiro lugar todo esse amor

Eu disse que estava inteira
Eu confiei na sua nova cara, coração
Você me enganou e mentiu pra si mesmo
Quando pisquei o olho, fugiu de novo
Se há dor, se há lágrima, como posso estar inteira?
Eita, coração danado!
Precisamos entrar num acordo
Eu abro mão de toda minha rigidez
Não te prendo mais, não te proíbo nada
E você, faz sua parte, e não foge mais de mim...
Será que pra você fica bom assim??


-Nina


*   *   *

Um comentário:

Daltro Simões Gama disse...

Até em uma viagem para um lugar tão bonito pode despertar esse tipo de sentimento. Nada escapa, é implacável! :P