quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Perséfone eterna

Rasguei o verbo. Fui ao inferno e voltei. Pensei que era feita de papel, mas me vi com nervos de aço. Já dizia Rita Lee.
Descobri caminhos novos, e doeu. Ah, meu amor, e como doeu. E vejo agora você, coitado, pensando tão empobrecido, sem rumo, sem sonho. E vejo agora meus olhos no espelho. E ainda te vejo neles, meu amor. Mas sabe o que mais vejo? Vejo o brilho da vida, o dom de amar, a vontade de sonhar e voar muito mais alto... E um profundo, intenso e generoso respeito por toda essa nossa humanidade.
E eterna amante que sou, meu amor, não deixarei nunca de te amar. Como nunca deixei de amar cada um que passou por aqui e levou de mim um pedaço. Como fui me dando assim, aos pedaços? Não poderia mesmo ficar inteira. Mas o coração regenera, meu amor, oh, sim, disso tenho certeza... E o vento traz a boa nova, só você não vê. Seu coração não regenerou porque você não deixa. Não deixa que ninguém mais chegue perto. Não cuida, não faz curativo.
Sinto muito. Mas eu sinto muito mesmo, sinto com tudo que minha alma permite sentir. E sentir é uma benção. E choro sua dor ao mesmo tempo que choro a minha. Porque seus olhos também brilham, mas você teima em apagar o fogo. E vai deixando ficar esse engodo, esse lodo, essa lama, essa trama de falsas certezas. Vai se afogar, meu amor, oh, céus, e eu quis tanto te jogar uma bóia. Tola, achei que te salvaria.
Mas tudo bem, agora já entendo bem. Você não sabe mesmo nadar e o mar te engoliu, e continua a te afogar e te puxar pro fundo. E eu, apesar dos nervos de aço, não tenho superpoderes. Como posso continuar ao teu lado, se me drenas pra baixo? Talvez precises mesmo disso, ir ao inferno e enfim, desejar voltar à superfície.
Meu tesouro na vida foi descobrir minha Perséfone. Na magnitude do Silêncio, no abraço das Sombras, na paz da Solidão. Vai e descobre a tua.


-Nina

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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Vento

"O vento carrega nossos desejos enquanto escrevemos palavras na areia."
- E.


(frase "cedida" por um amigo de minha irmã...)

domingo, 19 de setembro de 2010

A distância...

"A distância faz ao amor aquilo que o vento faz ao fogo: apaga o pequeno, inflama o grande."

(autor desconhecido)

sábado, 18 de setembro de 2010

Essência pura

A Lua Crescente desponta no céu
E a Solidão, como sempre, companheira fiel
Como poderei acreditar, meu amor, no que diz
Se minha ausência é indiferente pra ti

Promessas ditas nas entrelinhas
Intenções pela metade
Um coração que parece que não sabe
E eu aqui, sonhando sozinha

Eu sei, vais me julgar doentia
Só porque me alimento de toda essa fantasia
Sei que sou uma apaixonada exgerada
Faço a festa e me emociono por quase nada

Mas já tentei antes e não adianta
Sou assim, rasgadamente romântica
E te garanto que não é loucura
É só meu jeito, minha essência pura

E eu... só posso esperar que gostes...


-Nina

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domingo, 12 de setembro de 2010

Adolescente

Ando assim, meio adolescente
Com brilho no olhos, paixão pela vida
E essa saudade que arrebata meu coração

Vivo sonhando acordada
Esperando seus olhos tocarem os meus
Só mais uma vez
Pra depois, desejar de novo, mais uma vez

E querer não só tocar seu olhar
Mas também sua pele quente
Suas mãos macias
Seus lábios doces

E estou eu aqui a me entregar
Sem pudor dos seus pensamentos
Sem acreditar realmente que você me descobrirá
E ao mesmo tempo, confessando tudo

Faz parte do jogo de Eros
Esse ardor no meu peito, o desejo incontrolável
A vontade de declarar todo o sentimento
E ao mesmo tempo a necessidade de esconderijo

E nesse momento, meu anjo da noite
Imagino seu sono profundo e inocente
E anseio, apaixonada, pelo próximo encontro



-Nina

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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A Bela Adormecida

Então a bela adormecida cai no sono enfeitiçado
Permanece inerte até que chegue o príncipe
Ela pensa que só ele pode salvá-la
Esconde-se atrás do véu da enorme cama

Escolheu fugir a todo custo da bruxa
Deixou que ela sumisse na profundeza das sombras
É melhor assim para não ter que vê-la?
Bebeu o veneno quase voluntariamente

Esqueceu que tinha sua força interior
Acreditou que seria melhor não brigar com o que sentia
Preferiu se entregar ao mergulho da morte
E esperar que venha alguém e lhe salve

Mas o que espera essa bela?
Se soubesse que pode se levantar sozinha
Se encarasse a bruxa nos olhos
Perceberia seu potencial para derrotá-la
E finalmente integrá-la ao seu espírito livre

Ela tentou, mas a bruxa se escondeu
E foi tão bem escondidinho
Que as sombras não se dissipam
E a bela não a enxerga mais

O príncipe já desistiu
Ele não virá de fora, nem no cavalo branco
Ele precisa se desprender das teias dentro do castelo
E tocar seu coração pelo lado de dentro

E enquanto não sabe para onde ir,
Não enxerga a bruxa em meio às sombras,
Não liberta o príncipe das teias,
Ela deita-se e espera.
Até que falte o ar da forma mais intensa possível
E faça ela se mexer.

-Nina

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