segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Metal contra as nuvens

Descobri que estava sendo traída. Engoli sapo, me roubaram a paz. Roubaram de mim minha paixão. Roubaram de mim minha liberdade. E o sorriso mais doce, a pele mais macia. De mim levaram, porque nunca foram meus.
Segui mesmo assim meu caminho. E o pior é que continuo escolhendo... as mesmas escolhas erradas. Os desejos continuam todos aqui. E a dor é companheira fiel.
A traição parte de mim mesma. A medida que fui eu quem quis. Eu já sabia, eu já sabia. E mais ainda eu desejava.
A traição maior é trair meu coração... privilegiando essa moral que fere minha alma.
A traição maior é trair o seu coração... privilegiando o bem estar de outro alguém bem menos importante pra mim.E sendo negligente com você, meu amor, minha paixão. Desacreditando do seu amor, colocando por último a nossa riqueza. Todo esse meu compromisso com a verdade destrói com fogo os meus sonhos.
Estava ouvindo, então, aquela canção da Legião Urbana: “Metal contra as nuvens”... Conheço alguém que se diz nuvem... Pois bem, sou eu o Metal.

“Raio, relâmpago e trovão
Eu sou o ouro em seu brasão
Me sabe o sopro do dragão”

Com minha força contra qualquer nuvem. Vou dissipando e vencendo a guerra, não só uma batalha.

“Não sou escravo de ninguém
Ninguém, senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E, por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz”

É... por valor... que mole eu fui dar, meu amor, achando que meu coração é de pedra... E agora... resta-me temer o que se desfaz... E sei o que devo defender, mas “meu coração é tão tosco e tão pobre... não sabe ainda os  caminhos do mundo”.

“Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais.”

Dias desleais... E eu nunca me vi tão só, por Deus... Mas faço drama, minha doçura... Não se deixe levar pela intensidade da minha expressão... Não dê ouvidos a essa solidão... nem aos meus lamentos... O que dói agora, eu supero... sou só uma criança mimada que quer ter tudo... e quero ter você mais que tudo nesse momento... Não posso negar que está doendo, mas eu estou bem mesmo assim.
Foi você minha melhor companhia ao mundo do arco-íris... Entre abismos abissais e florestas mágicas... E como é desleal te perder... E como é desleal não te ter... Onde está a traição afinal?

“Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.

Minha terra é a terra que é minha
E sempre será
Minha terra tem a lua, tem estrelas
E sempre terá.”

Minha virtude é você, perdida em outras mãos que tantas vezes não te respeitaram... Será que quem te rouba de mim tem por você toda a admiração que eu tenho? Será que tem todo o desejo de te ver feliz, sendo plena em você mesma? E quem sou eu pra questionar??
Tenho eu minhas estrelas. Meu céu brilha, sem nuvens. Está em mim a Lua que me fortalece. Que me roubem a virtude, mas não me perco mais de mim. Você devia fazer o mesmo, minha paixão, mesmo sendo tua escolha outros braços.
A minha terra, que tanto pensei que fosse lama, descubro úmida e fértil. E me convida a pisar descalça. Essa terra é minha agora e pra sempre será. Ninguém nunca mais poderá roubar.
E o seu coração está aqui, visitando minha terra. Está aqui, o acolho, mas está livre. O guardei no berço de ouro mais nobre e mais macio, como prometi. E tem ele toda a liberdade. Fica o quanto quiser. Mas estou achando que ele não fica por muito tempo... Ele gosta de voar muito alto...

“Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa”

Será que perdi? Parece que estou a perder...meu castelo... minha princesa... Recolho os cacos e respeito a vida... Não se pode ter tudo... Não esquenta, meu amor, tudo isso faz parte do fluxo que devemos seguir, do que devemos aprender... Faz parte do jogo... eu te avisei... colocamos nossas delicadas mãos em casa de marimbondo... Ele é cruel... Fomos cruéis também...

“É a verdade o que assombra
O descaso que condena,
A estupidez, o que destrói
Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais

Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.
Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos”

O corpo quer muito... A Alma entende... Eu sinto você aqui... e depois de tanto escrever... devanear... ouvir o Renato cantando... a vontade que fica é de deixar mesmo os desejos seguirem em frente... há muita riqueza pra deixar pra trás, sem lutar...

“Não me entrego sem lutar
Tenho, ainda, coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então.”

Não sei ainda as respostas, mas não vou me entregar. E não quero ver aflição nos seus olhos brilhantes. Guarda tua paz. Não se preocupe que o resto a vida traz. A canção diz tudo do início ao fim... Apenas começamos...

“Tudo passa, tudo passará...
E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.

E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos.
O mundo começa agora
Apenas começamos.”

- Nina e Renato Russo

*     *      *

Um comentário:

Maurício Costa disse...

"Mais do mesmo"
Sempre vamos ter mais daquilo que dizemos 'não'.
A mente não entende o 'não', senhora doutora dos cérebros.
Decida que será diferente e diga isso.
Afinal, quem manda na sua vida mesmo, hein?!
O negativismo de um "Não" ou a vontade pura e simples de uma imenso amor por si?

Olhe em volta...a solução tenta abraçar os problemas...e os problemas NEGAM a solução e a ignoram...a solução vai te apoiar e os problemas..bem, esses vão dizer-te o q fazer hora aqui outra ali...

Grande abraço.