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Acordo numa manhã de quinta-feira
num mês de inverno.
O dia está prateado. Brisa de cor
azul. Um pé após o outro na calçada. É de aguar a boca o cheiro que vem da
padaria. Safada, essa padaria. Sempre cruza meu caminho com esse quê de
tentação. E, como se não bastasse, inventou agora de ser também restaurante.
Passam por mim risos, olhares,
bolsas e guarda-chuvas.
Penso que o tempo há de se
orgulhar de mim. Depois de tanto digladiar com ele, acreditando que um dia iria
aprender a lhe passar a perna, conquistei por fim um grande amigo.
Sinto muito. Não sei porque mas
sou assim, repleta de sentir e do qual nunca me canso. Acho que Deus me fez de
casca grossa mas de recheio doce feito chocolate. Recheio de cheiro de aguar a
boca, igual aquele lá da padaria.
Aqui dentro moram sonhos de princesa
ao lado de memórias de um velho ferido na guerra. No coração carrego vários
amores, uma escrivaninha com pincéis, um punhado de canções, incertezas e
algumas tristezas. E assim, ao me comparar com os meus irmãos na Terra, sinto
que tenho muito mais bênçãos na vida do que a maioria deles.
Isso faz de mim uma mulher
completamente feliz.
- Nina
(em 25/06/15)
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(em 25/06/15)
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