Depois do Perigo

Tenho falado tanto em morte e transformação... Tenho vivido esse momento, o parto, a hora de sair do estreito e abraçar o novo, encarar o medo...

A primeira carta do Tarô fala disso, o Louco. O nome não poderia vir mais a calhar!

Mas o Louco é quem traz o início da jornada e no Tarô Mitológico ele é representado por Dionísio. E como a vida é uma eterna espiral, retomamos o início da jornada muitas vezes ao longo dessa tal vida. E lá está Dionísio, prestes a pular de um abismo, rumo ao desconhecido. Ele sabe que um risco de alguma espécie é necessário. Dionísio vibra a essência da intuição, do desejo, dos impulsos.

Esta é a energia que sinto agora: o impulso para o mergulho no desconhecido, que não se trata de loucura. É a sede de mudança. É o momento intuitivo e irracional, que vem nos momentos em que a razão não traz mais segurança, que o medo e a dor de se manter onde se está, enraizada, estagnada, se tornou insuportável. E o impulso vem do fundo da alma, inadvertidamente e sem qualquer base racional, e essa é a melhor parte.

Crescer e renovar não é mais uma opção, virou necessidade. Mais que isso, virou desejo. E posso dizer a vocês que sentir esse desejo é uma delícia!

-Nina

(texto inspirado no livro de Liz Greene - O Tarô Mitológico)






Lembrei-me da canção de Zélia Duncan, recomendação da irmã sensível que tenho. Diz tudo isso!




DEPOIS DO PERIGO
Zélia Duncan

Não, não me aqueça
Hoje eu quero o frio
O vazio
Que a sorte deixou aqui
Quero sentir a altura do abismo
Pra eu poder subir depois do perigo
Quero sentir a altura do abismo
Pra eu poder subir depois do perigo

Não, não me acalme com silabas doces
Hoje eu quero o açoite das palavras rudes
Pra que eu possa me defender em atitudes
Não, por favor hoje não me proteja
Para que eu finalmente veja
O que a vida reservou para mim
Quero sentir a altura do abismo
Pra eu poder subir depois do perigo


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