Quando retirei a máscara
Que cobria meu rosto
E olhei-me no espelho
Assustei-me mais do que esperava
Com o monstro que vi
Enquanto usei a máscara
Não pude perceber
Eram meus próprios olhos
Que eu quis enganar
Quando retirei a máscara
Que enganava meu rosto
O que vi no espelho não era eu
Monstruosamente, era você
Tudo de podre que vi em você
Está aqui também
Entranhado na carne
Como veneno sem cura
Quando retirei a máscara
Que encobria você em mim
O que sobrou era irreal
Feito de mais tela gessada
Pensei que poderia arrancar
Todas as máscaras surgidas de então
E desconstruí meu rosto
Para saber quem sou
Dei cortes certeiros de faca
Estirpando como pude
O que havia de você
Até sangrar a alma
E acabei por ficar sem rosto
O eu de mim se partiu ao meio
Por trás das máscaras
Não sobrou mais nada
Por trás das máscaras
Não poderia haver nada
O que era seu em mim
Era o que era eu
Perversa, tosca e rasa
De desgosto, enlouqueci
* * *