segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Máscara

Quando retirei a máscara
Que cobria meu rosto
E olhei-me no espelho
Assustei-me mais do que esperava
Com o monstro que vi

Enquanto usei a máscara
Não pude perceber
Eram meus próprios olhos
Que eu quis enganar

Quando retirei a máscara
Que enganava meu rosto
O que vi no espelho não era eu
Monstruosamente, era você

Tudo de podre que vi em você
Está aqui também
Entranhado na carne
Como veneno sem cura

Quando retirei a máscara
Que encobria você em mim
O que sobrou era irreal
Feito de mais tela gessada

Pensei que poderia arrancar
Todas as máscaras surgidas de então
E desconstruí meu rosto
Para saber quem sou

Dei cortes certeiros de faca
Estirpando como pude
O que havia de você
Até sangrar a alma

E acabei por ficar sem rosto
O eu de mim se partiu ao meio
Por trás das máscaras
Não sobrou mais nada

Por trás das máscaras
Não poderia haver nada
O que era seu em mim
Era o que era eu

Perversa, tosca e rasa
De desgosto, enlouqueci

*        *        *

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Pronde foi... todo nosso carnaval?

*     *     *


O Que Se Perde Enquanto Os Olhos Piscam

O Teatro Mágico


Pronde vai?
Toda tampa de caneta?
Todo recibo de estacionamento?
Todo documento original?
Isqueiro, caderneta,
A camiseta com aquele sinal...
Pronde vai... toda palheta?
Pronde foi... todo nosso carnaval?
Pronde vai?
Todo abridor de lata?
Toda carteira de habilitação?
Recado não dado, centavo, cadeado?
Todo guarda-chuva!
Pra fuga pro temporal!
Pronde vai... o achado, o perdido?
Eu não sei, veja bem...
Não me leve a mal...
Pronde vai?
Todo outro pé de meia,
Carteira, brinco e aparelho dental?
Pronde vai... toda diadema?
Recibo, receita e o nosso enredo inicial?
Pronde vai?
Toalha de acampamento,
Presilha, grampo, batom de cacau
Elástico de cabelo
Lápis, óculos, clips, lente de contato?
A nossa má memória!
A denúncia no jornal?
Pronde vai... aliança, chaveiro, chave, chinelo?
E o controle pra trocar canal
Pronde vai?
O solo que não foi escrito?
Labareda nesse labirinto,
O instinto, o reflexo, sem seguro
O coro do socorro! o lançamento oficial!
Pronde vai... a culpa da cópia?
Pronde foi... a versão original!?
Pronde vai?
A bala que se disparou?
O indício do vício que disseminou
A busca do corpo por algo vital?
A firmação do pulso! o discurso radical!
O troco em moeda... a lição da queda
Pronde foi... nosso humor e moral?
Pronde vai? todo nosso desalento
Morre brisa nasce vendaval
Pronde vai a reza vencida pelo sono
Ela vale? me fale... me de um sinal!
São Longuinho
Me fale me de um sinal!
Pra onde foi?
O canhoto, benjamim de tomada
Simpleza, prudência, consideração?
A clareza, autenticidade, compaixão, certeza, a urgência e o perdão?
Carregador de bateria,
O extrato, a ponta, a conta nova, a cola e a extensão?
O estímulo,o exemplo, a voz dissonante...
A coragem do meu coração!
São Longuinho, são Longuinho
Me fale me dê um sinal!
São Longuinho, são Longuinho
Pra onde foi?
A coragem do meu coração! 

*     *     *



Chega um dia que cansa...

*        *        *
Engraçado como as coisas são... 
Você destrói tudo... espera perder tudo... e vem pedir por favor quando só restaram os destroços? 
Onde você estava na hora que ainda valia a pena?
Onde você estava com a cabeça quando pensou que eu é que tinha que fazer alguma coisa?
Eu é que devo "ensinar"? Você quis ouvir quando eu tentava falar?
E eu me pergunto... eu tinha que fazer MAIS???

É isso. Cada um de nós assume o que suporta assumir de seus próprios erros.
O que não suporta, finge que não enxerga, mente pra si mesmo, e arruma alguém para pôr a culpa.
É bem mais fácil assim, não é?
E assim caminha a humanidade...
Quem sou eu pra julgar?
Eu faço o mesmo.
Quando me acusa, você se olha no espelho.
O que você odeia em mim é o que tem de mais podre em você.
"Igualzinha a você, eu não presto."

*        *        *