sexta-feira, 25 de abril de 2008

Dissolvendo

Rita chegou em casa se dissolvendo. Ela queria muito ter dito a ele seu desejo, mas teve receio de estar sendo egoísta demais. Ele poderia ter subido com ela naquele elevador. Poderiam ter dividido a noite, mas teve receio.
Como pedir a ele que deixasse seus planos, que fizesse um sacrifício a mais só para realizar-lhe um capricho? Isso parecia errado. Parecia que iria tirar dele o livre arbítrio e colocá-lo numa situação constrangedora, onde não caberia o não. Engoliu o desejo, calou-se e ele se foi. Naquela noite, ela estava frágil. Especialmente naquela noite, ela queria ter sido mimada outra vez e ter pedido com sinceridade o que seu coração tanto desejava.
Será que seria mesmo um sacrifício? Será que estaria errada em dizer o desejo que sentia? Sentiu-se boba, frágil e carente. Talvez fosse o orgulho. Ela não queria mais ser frágil. Mas de que adianta, se o coração demora para se adaptar a isso?
Mais uma vez, Rita se deu conta do vazio que sente, do medo da solidão, de sua ainda presente imaturidade. Ela se deu conta do quanto ainda precisa do valor que alguém lhe dá para sentir-se plena. E porque não deixar que aconteça? Porque precisaria ser madura o tempo todo? E pensou nas razões que a faziam se dissolver tão facilmente. E pensou no quanto se proibia de ser também menina. E que consciência era aquela que lhe trazia tanta rigidez e... dor. Talvez estivesse faltando seu próprio respeito pelo seu coração. Talvez estivesse precisando aprender a ser menos dura consigo, largar as rédeas e aceitar o acolhimento que tanto queria.
Uma vez, lera uma frase com a qual se identificou muito: "tudo o que queria agora era me perder nos seus braços, sentir sua mão carinhosa nos meus cabelos e chorar sem medo nem culpa." Em momentos como aquele, era o que Rita realmente queria. Mas foi impossível pedir.



-Nina

*   *   *

Impulsividade de Mulher

Impulsividade sempre foi tida como atitude feminina. Talvez seja mesmo coisa de mulher, ou talvez seja, nos homens, disfarçada.
É curioso perceber quantos pensamentos e sentimentos surgem ao mesmo tempo quando uma mulher se magoa. E quão rápido tudo passa no instante seguinte a um desabafo com uma amiga ao telefone.
É também curioso como uma mulher é capaz de perder-se de si mesma diante de seu homem, como se as palavras dele fossem mais certas, como se sua força masculina o tornasse dono das certezas, como se tudo o que ela sente de nada valesse na única realidade, que passa a ser a dele.
Achei que era raro, mas encontrei muitas mulheres assim. Que de tal forma passaram a valorizar tanto a opinião de seus homens que nem se dão conta de sua própria. E se vêem erradas, se culpam e sofrem quando o contrariam. E se esquecem de olhar para os próprios sentimentos e talvez perceber o que não as agradou.
E isso vai tomando tanta força dentro da mulher, que podem se passar anos e ela se acostuma a nada dizer. E sente medo quando deixa algo escapar. Medo da reação dele, de não ser mais a mulher que se fez quase perfeita para agradá-lo, de não ser mais merecedora da admiração conquistada, de não ser mais merecedora do amor. Como se alguma dessas coisas dependessem de aparências, construídas de formas tão frágeis. Mulheres que se julgam frágeis e negligenciam a força do feminino. E nessa insegurança, quão grande é o medo de perdê-lo e quão forte é a necessidade de tê-lo sempre ao lado.
Dessa forma mágoas vão ficando esquecidas no tempo, vindo à tona como tempestades inexplicáveis. Vêm os desabafos, misturados com os exageros, com as culpas, com a carga da emoção guardada, com lembranças de sentimentos antigos, com os medos e a insegurança. E como é curioso perceber que passada a tempestade, vem a calmaria. A mulher se despede de tudo aquilo e segue como se nada acontecera. Soltados os bichos, o coração permanece sereno.
O bom de se permitir as explosões é poder rir depois dos exageros. Sentir o alívio de um peso a menos. E quando se percebe as conseqüências não tão boas advindas de um ato impulsivo, poder aprender com elas. Na certa, numa próxima vez, a explosão não acontecida não se transformará num choro contido, já que a escolha por não dizer algo que magoe alguém é feita com consciência.
A insegurança tola que nada traz de saudável começa a ficar pra trás quando essa consciência surge. E precisa-se dos erros para ganhar este aprendizado. Não há o que temer quando se ama. Não é necessário guardar mágoas. A mulher tem o talento de ser amorosa em tudo o que diz, quando reconhece sua força. E será capaz de ser ela mesma, o melhor de si, para agradar o seu homem, sem aniquilar sua essência.
Há tanto a aprender!



-Nina

*   *   *

quinta-feira, 17 de abril de 2008

O Julgamento e A Covardia

Quero escrever sobre o que eu senti. Senti-me acusada, desrespeitada, humilhada, inferiorizada. E deixei mais uma vez...
Por que ganhei a virada de rosto para o lado, os risinhos de superioridade e o silêncio em seguida? Silêncio tão insuportável, quase como se gritasse: ‘você é imatura demais para merecer que continue-se a discussão’.
Isso irrita, sim, irrita. Dá raiva, fere o orgulho. E há mágoa, como consequência. E quanto impotente não me sinto eu, diante de tal situação, em que qualquer coisa mais que eu diga será decretada como tolice. Se o silêncio já se fez, sou eu a tola que insiste em falar. Em que outra situação iria me sentir mais burra ou mais tola? Se tudo o que eu possa ter para dizer ou sentir não passa de baboseiras que não merecem ser ouvidas e tudo o que tenho para ouvir, não serei capaz de compreender?
Quão cruel e covarde é esta postura de superioridade. Como se só eu ainda tivesse algo a aprender ou só eu estivesse predisposta a errar. Que teste de paciência é esse que só termina quando a minha paciência se esgota e eu sou reprovada?
Por que não vale a minha própria opinião sobre meu estado de espírito? Que poder é esse de saber mais do que eu sobre meus próprios sentimentos? Provar-me que não estou enxergando algo (que nem sei se existe), pra quê?
A intenção seria me ajudar a perceber e me fazer bem? Nesse caso, não seria mais prudente uma atitude amorosa diante da raiva do que uma atitude desafiadora, que irrita mais a qualquer ser humano? Depois de tantos sofrimentos e tantos aprendizados, pra quê?
A dimensão que esse pouco toma em tão pequeno instante é tão grande... Quão cruel e covarde é essa violência velada, acusação feita nas entrelinhas de um sorriso. Dê-me logo um tapa na cara e doerá menos. Passa tão desapercebido, até mesmo da consciência do outro, que minha reação acaba por parecer loucura. E histeria seria, se eu guardasse mais uma vez no baú da sombra os sentimentos negativos. É grande a vontade de retrucar com a frase que tantas vezes ouvi e me fez chorar: ´O que eu fiz pra você?’
Situação tola, trazendo à tona sensação tão antiga, fazendo abrir a ferida tão profunda que já parecia tão cicatriz. Que dói logo no primeiro instante, por tanto ter se repetido silenciosamente. E tantas vezes me culpei sem perceber o quanto era julgada, quem sabe injustamente. E agora que me esforço para parar de julgar os outros, orgulhosa e egocêntrica como sou, não quero mais admitir que me julguem. E por que eu mereceria qualquer julgamento?
Essa postura de bondade, que tantas vezes usei de escudo, posso reconhecer de súbito. Quando sou acusada, sou somente um espelho. E quão difícil é impor a si as tais acusações que se faz...
Seria simples e bom, manter a atitude de olhar somente para os próprios sentimentos negativos e apontar menos os dos outros. Olhar no outro as qualidades e dar amor evita tantas mágoas. Eu não consegui manter minha atitude de carinho e amor e eis o que ganhei. Mais uma puxada de tapete da vida para que eu aprenda a ser mais humilde e doar mais de mim em vez de tanto querer receber.
Reservo para mim a covardia de não falar tudo isso ao vivo, utilizando essa forma tão impessoal e tão obviamente direcionada. Reservo para mim a covardia de julgar e acusar com todas as letras enquanto disserto sobre o quanto isso é injusto. Em outros tempos, engoliria tudo e ficaria com a disenteria, me proibindo o direito de errar.




-Nina

*   *   *

sexta-feira, 11 de abril de 2008

To really love a woman...

Escolhi uma canção que consegue, de forma simples, dizer muito do que todas as mulheres desejam de um homem. Sim, realmente, todas. Deve fazer parte do arquétipo! Desejamos o homem que consegue ser protetor e provedor, e é claro, sedutor também.
É interessante que, no mundo atual, há várias mulheres que negam esse desejo. Acreditam talvez que se entregar para tal homem possa ser um sinal de fraqueza. Elas precisam ser determinadas, inteligentes, independentes, ou seja, autosuficientes. Não sobra nada para o pobre do cara fazer...
Na verdade, estas mulheres, quando se vêem apaixonadas, contradizem tudo que diziam antes e se entregam como todas as outras. Já vi exemplos bem embaixo do meu nariz, que nem eu mesma acreditei.
Saber ser este homem é muito mais simples do que os próprios homens pensam que é. Mas parece que poucos aprenderam a ser o príncipe encantado sem se tornarem canalhas.
O tradicional "Don Juan" parece ter aprendido muito bem a ser o protetor e sedutor... e canalha! Mas vale prestar atenção na letra da música de Bryan Adams, tema do filme que levou o nome deste personagem. Fica o desafio para os comprometidos: aprender a se entregar ao amor e deixar seu lado feminino falar mais alto!
E para as moças, fica o desafio de deixar seu homem ocupar o lugar que ele merece!


- Nina

; )

Have You Ever Really Loved A Woman?
Bryan Adams

To really love a woman,
To understand her,
You've got to know her deep inside ...
Hear every thought,
See every dream,
And give her wings when she wants to fly.
Then when you find yourself lying helpless in her arms ...
You know you really love a woman

When you love a woman,
You tell her that she's really wanted.
When you love a woman,
You tell her that she's the one.
'Cause she needs somebody, to tell her that it's gonna last forever.
So tell me have you ever really ... really, really ever loved a woman?

To really love a woman,
Let her hold you,
Till you know how she needs to be touched.
You've got to breathe her, really taste her,
'Til you can feel her in your blood.
And when you can see your unborn children in her eyes ...
You know you really love a woman.

When you love a woman,
You tell her that she's really wanted.
When you love a woman,
You tell her that she's the one.
'Cause she needs somebody, to tell her that you'll always be together
So tell me have you ever really ... really, really ever loved a woman?

You've got to give her some faith,
Hold her tight, a little tenderness.
You've got to treat her right.
She will be there for you taking good care of you ...
You really gotta love your woman yeah.


* * *